A terapia EMDR é mesmo eficaz para traumas?

Terapia EMDR eficaz para traumas ou vivências difíceis

A Terapia EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) é amplamente reconhecida. É uma abordagem eficaz, sim, para tratar traumas.

Mas não só: também o é para situações diversas que implicam ansiedade e depressão. É claro que a “eficácia” depende das características individuais da pessoa. Depende também do trauma, da relação do terapeuta como o seu paciente e outros fatores.

Porque é que a terapia EMDR é mesmo eficaz?

Antes de mais, há uma base científica sólida para se afirmar isto. Os estudos mostram que o EMDR é, realmente, eficaz na redução dos sintomas associados a traumas psicológicos.

Basicamente, porque promove uma dessensibilização do sofrimento associado às memórias que ficaram como que bloqueadas no sistema nervoso, nomeadamente no cérebro. Durante as sessões, o terapeuta leva o paciente a determinadas memórias traumáticas enquanto realiza estímulos bilaterais. Esses estímulos são oculares, auditivos ou táteis. E isto leva ao reprocessamento de experiências emocionalmente difíceis para a pessoa. Realmente, muitas pessoas relatam logo um alívio em poucas sessões

Os traumas e o seu impacto a longo prazo

Traumas na infância, ou na adolescência, moldam a pessoa. A forma como a pessoa percebe o mundo é afetada. É, pois, necessário tratar determinados eventos. A terapia EMDR ajuda a transformar o sofrimento em aprendizagens. Promove a cura emocional. É, de facto, uma ferramenta eficiente para tratar as experiências traumáticas, muitas vezes, ligadas ao pai, à mãe, à escola, aos colegas, a relacionamentos precoces.

Esta psicoterapia foi desenvolvida pela norte-americana Francine Shapiro nos finais da década de 80.  Está aprovada pela Organização Mundial da Saúde, especialmente indicada para as pessoas que precisam de superar feridas causadas por eventos muito perturbadores, agudos, ou eventos mais subtis, mas continuados de uma forma crónica ou mais complexa . 

De facto, quando passa por eventos com emoções intensas o cérebro da pessoa tem dificuldade em metabolizar esses acontecimentos. E assim as memórias ficam bloqueadas  no hemisfério cerebral direito. Ficam armazenadas com medo, zanga, revolta, nojo, muita tristeza ou outras emoções ainda mais densas.

Porque é difícil mudar comportamentos?

A pessoa tem consciência dos comportamentos que lhe causam mal. E percebe racionalmente que devia mudar. Mas sente que não tem controlo, que não domina certos impulsos. Isto porque porque o trauma está registrado em níveis profundos do cérebro. Está fora do alcance da força de vontade. E, assim, verificam-se as reações automáticas. Os gatilhos surgem sem que a pessoa tenha tempo de processar o que está a acontecer.

De facto, o sistema nervoso está em constante estado de alerta. O sistema nervoso simpático liga-se. A pessoa está numa hipervigilância. Ora, isto dificulta o relaxamento, a serenidade, a tranquilidade no dia-a-dia. E a pessoa sofre! Surgem as crises de ansiedade, os ataques de pânico, a tristeza prolongada e profunda, os medos exagerados, irracionais, as fobias, as compulsões, etc., etc.

Terapia EMDR eficaz para traumas – os gatilhos

Há diversos tipo de triggers. Há gatilhos que estão ligados a ambientes. Os desencadeadores poderão ser: o escuro, um som, o tempo que faz, tudo pode evocar memórias traumáticas ou, simplesmente, reações emocionais desajustadas. Discussões, momentos de pressão, reativam o estado emocional do trauma. E causam desconforto, levam reações emocionais intensas. Um tom de voz que  lembre alguém.  Há, pois, que fazer o reprocessamento das memórias. Mas revisitar as lembranças e recordações num estado de consciência controlado, em ambiente de consultório seguro.

É assim que a carga emocional negativa associada aos eventos diminui. As memórias passam a ser vistas apenas como algo do passado. Não têm que interferir no presente. Constroem-se pensamentos mais positivos. Após o reprocessamento, a pessoa substitui o  “eu sou fraco” ou eu “não estou seguro” por  “eu sou resiliente o suficiente” ou “eu estou no controlo agora”. Há uma libertação do peso emocional. A pessoa vive de forma mais leve.

Há uma relação entre o EMDR e o sono REM

Durante o sono REM, os nossos olhos movem-se rapidamente de um lado para o outro. É aqui que se faz o processamento emocional dos conflitos intrapsíquicos diários.  O cérebro organiza as experiências vividas. Ora o EMDR, de forma semelhante, atua como um mecanismo de processamento natural. E ajuda o cérebro a reprocessar as memórias traumáticas de maneira saudável.

No EMDR, a pessoa está desperta e consciente. Revisita as memórias enquanto realiza  movimentos oculares ou táteis com a ajuda do seu terapeuta. Aqui, ao contrário do que acontece nos sonhos, em que o processamento das memórias ocorre de maneira automática e inconsciente, o terapeuta EMDR conduz a pessoa de forma intencional a trabalhar memórias específicas. Para dessensibilizar, para reduzir a intensidade emocional associada, para reprocessar, para ajudar o cérebro a reorganizar-se de maneira mais funcional e adaptativa.

Terapia EMDR eficaz para traumas, mas não só

É, de facto, altamente indicada para as experiências muito traumáticas. Alguns exemplo: abuso sexual, assaltos violentos, acidentes graves, negligência e abandono. Mas também o é para fobias, compulsões e adições. Porque ajuda, realmente, a identificar e a reprocessar as memórias ou associações que originaram os sintomas.

E vai atuar, então, na ansiedade generalizada, nos ataques de pânico, nos medos exagerados. E resolve também os problemas de autoestima. Porque, muitas vezes, é disso que se trata, das questões narcísicas…. Muitas vezes existem crenças negativas sobre si mesmo. Ora, o EMDR ajuda a transformar os deficits no desenvolvimento pessoal.

Frequentemente, os problemas estão enraizados em experiências adversas da infância ou adolescência. Experiências essas que levam, por exemplo, a problemas de relacionamento no presente. O EMDR ajuda, precisamente, a reprocessar experiências passadas que afetam a forma como a pessoa se relaciona com os outros. Porque, muitas vezes, há, por exemplo, o medo de intimidade ou os  padrões de comunicação disfuncionais que levam a discussões recorrentes no seio do casal

A terapia EMDR segue um protocolo estruturado de oito fases

Há Fase 1 em que o terapeuta EMDR recolhe informações, nomeadamente, sobre a pessoa e os seus sintomas. Recolhe-me memórias que poderão ser alvo de reprocessamento.

Na Fase 2, treinam-se técnicas de controlo emocional. Aprende-se a “respiração profunda e tranquila”, a visualização de um ambiente seguro, para a induzir a serenidade e o relaxamento corporal e mental.

Na fase 3 faz-se a identificação de alvo específico. Por exemplo uma memória traumática. Escolhe-se o  foco, com base nas emoções, crenças e sensações associadas.

Na fase 4 a pessoa revisita a memória-alvo enquanto faz estimulação bilateral.

Na fase 5 há a instalação de crenças positivas. Ou seja, após o processamento do trauma, são fortalecidas crenças como “Eu mereço ser feliz”. Ou seja, promove-se uma visão mais positiva da vida.

Na fase 6 há um Reprocessamento corporal. As sensações físicas desconfortáveis associadas ao trauma são trabalhadas e reprocessadas.

Na fase 7, ou seja, no encerramento da sessão, é verificada a estabilidade emocional do paciente. Este é orientado para, no intervalo das sessões, monitorizar novos pensamentos, sonhos, comportamentos, etc. E tudo isso pode ser trazido para a próxima sessão.

Na fase 8, a de reavaliação, avaliam-se os progressos. Identificam-se mudanças e necessidades de mais reprocessamentos.

Terapia EMDR eficaz para traumas – Onde encontrar?

Na Psicovias contamos com experientes terapeutas EMDR que fazem terapia online ou presencial, em Lisboa. Estamos, realmente, preparados para lidar, entre outras, com temáticas ligadas a ansiedade e a depressão. Temos também muita experiência na área dos relacionamentos problemáticos e das questões familiares conflituosas, entre outras dificuldades ou perturbações emocionais. 

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