Psicoterapia Psicodinâmica com origem na Psicanálise
A Psicoterapia Psicodinâmica é uma abordagem que tem origem na psicanálise, ainda que difira da mesma em alguns aspetos. De facto, baseia-se na compreensão dos processos mentais inconscientes. Mas também na influência do passado na vida atual do indivíduo. Nos traumas. E é mais flexível em relação aos métodos e técnicas utilizadas.
Na verdade, a psicanálise tradicionalmente concentra-se na exploração profunda do inconsciente. Concentra-se nas interpretações do analista. Já a psicoterapia psicodinâmica está mais focada na resolução de problemas do presente - embora ainda considere a importância das experiências passadas.
A psicoterapia psicodinâmica tem uma duração mais curta
Para além disso, a psicoterapia psicodinâmica, muitas vezes, tem uma duração mais curta do que a psicanálise clássica. É mais orientada para objetivos específicos do tratamento. E pode ser adaptada para responder às necessidades individuais do paciente. Com efeito, utiliza diferentes técnicas psicoterapêuticas, como a análise do discurso, a exploração de relações interpessoais e a reflexão sobre padrões de comportamento.
A Psicoterapia Psicodinâmica preserva os princípios fundamentais da psicanálise
Sim, mas incorpora uma abordagem mais flexível e adaptável. Visa a compreensão dos processos inconscientes para promover mudanças positivas na vida do indivíduo. E uma das perguntas que os psicólogos fazem, frequentemente, entre si é: “Então qual é a tua orientação de base em psicoterapia?”. Ou então também se ouve “Qual é o modelo teórico pelo qual orientas a tua prática clínica?”
Ora, muitas vezes, a resposta ouvida anda à volta disto: “A minha orientação de base tem origem na Psicanálise. Quer dizer, eu tive algumas cadeiras no curso que falavam das teorias de Freud, mas também dos seus sucessores....”
A resposta pode ser ainda mais desenvolvida: “Estudei muito a Psicanálise de Freud, mas também aprendi muita coisa com os neofreudianos Alfred Adler, Carl Jung, com a sua filha, Anna Freud, Melanie Klein, Erik Erikson, John Bolwlby, Lacan, Winnicott, Erik Erikson, Carl Rogers, etc…”
Psicoterapia psicodinâmica muito usada por psicólogos em Portugal
Realmente muitos psicólogos portugueses têm uma formação de base muito ligada à Psicanálise, uma escola que dá muita importância à questão do inconsciente. Ou seja, todos nós seremos regidos em grande parte por esta instância psíquica. A nossa vida será, pois, em grande parte, "orientada" pelo nosso inconsciente. Neste nível da nossa mente estarão, assim, muitos dos nossos desejos, conflitos, complexos, enfim tudo aquilo que nos pode perturbar.
Uma psicoterapia com base na Psicanálise vai, portanto, ajudar-nos no sentido de trazermos à superfície muitos desses conflitos, dessas perturbações. De facto, estas, ao serem consciencializadas, poderão mais facilmente ser resolvidas, levando, digamos assim, à cura.
O Inconsciente é pedra de toque na psicoterapia Psicodinâmica
O Inconsciente é, realmente, a pedra de toque na Psicanálise, mas também na psicoterapia Psicodinâmica. De facto, muitos estudos no âmbito da psicanálise tiveram por base o que as pessoas verbalizavam num transe hipnótico, ou a partir dos seus sonhos. Isto porque, nestes estados de consciência, o inconsciente está mais à solta, por assim dizer…. E formularam-se, assim, vários estádios de desenvolvimento em que a libido terá um papel muito importante. O conceito de recalcamento, por seu lado, ganha muita força - ou seja passa a considerar-se que temos muitos desejos que escondemos de forma inconsciente...
Realmente, a Psicanálise atribui ainda grande importância aos fenómenos não conscientes. Ou seja, muitas coisas que fazemos na nossa vida são instintivas, realizam-se sem que tenhamos verdadeira consciência delas. E temos, portanto, muitas coisas reprimidas que têm muita influência em nós, que nos provocam conflitos, perturbações, enfim, os mais variados sintomas…
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Assim um psicoterapeuta psicodinâmico que tenha um modelo teórico assente nesta escola psicanalítica o que procura é que a pessoa consiga aceder a essas tais tendências recalcadas. E esse talvez tenha sido o grande mérito de Freud: ter chamado a atenção para a importância do inconsciente nas nossas vidas.
Psicoterapia Psicanalítica ou Psicoterapia Psicodinâmica?
Portanto, quando um psicólogo refere que a sua orientação é psicodinâmica estará a dizer que atribui muita importância ao inconsciente de cada pessoa. Mas não só: esse psicólogo vai considerar também que as pessoas têm diferentes estruturas de personalidade conforme o modo como passaram, e ultrapassaram, diferentes estádios de desenvolvimento. Estamos a referir-nos a ao desenvolvimento psicossexual na perspetiva de Freud que comporta várias fases: a oral, a anal, a fálica, a latente e a genital.
Poder-se-á então perguntar porque é que determinado psicólogo não diz que segue uma orientação psicanalítica em vez de orientação psicodinâmica… De facto, a psicodinâmica será mais abrangente que a psicanálise. Mas terão uma coisa em comum: a importância que ambas dão às forças que estão por detrás do comportamento humano, dos sentimentos, das emoções. E essas forças terão uma origem muito precoce, ou seja, aparecem logo a partir da primeira infância. Depois, terão outra coisa em comum: as relações dinâmicas que existem entre as motivações conscientes e as motivações inconscientes.
Portanto, grosso modo, um Psicanalista será talvez mais ortodoxo, mais ligado a Freud, um Psicodinâmico será talvez mais abrangente, mais “neofreudiano”, seguindo os conhecimentos de novos autores, que não tão somente os de Freud.
O Id, o Ego e o SuperEgo na psicoterapia psicodinâmica
Mas o que é certo é que da teoria de Freud ficou que a nossa mente, o nosso aparelho psíquico, é composto por três partes: o Id, o Ego e o SuperEgo, estando a nossa mente inconsciente em constante conflito com a nossa mente consciente. E este conflito a fazer um uso muito frequente de vários mecanismos de defesa, tais como a Racionalização, a Projeção, a Sublimação, a Negação, a Repressão, etc. etc.
Os Mecanismos de Defesa na Psicodinâmica
Realmente é bem conhecida a Negação que nos faz acreditar que determinadas coisas não nos estão a acontecer. Ou também é bem conhecida a Repressão e o Recalcamento em que, de forma inconsciente, nos esquecemos de determinada experiência desagradável. Também é bem conhecido o fenómeno da Regressão, em que regredimos, ou seja, em que nos comportamos, em que nos emocionamos, como se voltássemos a ser crianças.
Também pode acontecer que desloquemos, que transfiramos determinados sentimentos não para o alvo certo, mas sim para alvos mais fracos, mais inofensivos, enfim para vítimas que nada têm a ver com a origem dos nossos problemas, sendo o caso, por exemplo, o do gato que leva um palmada injusta. E todos nós podemos projetar as nossas inseguranças nos outros, ou seja, podemos ver intenções nos outros que não correspondem de modo nenhum à realidade.
Há também a Racionalização que é um mecanismo de defesa em que se procura sempre uma explicação lógica para tudo. E realmente, muitas vezes, o que temos de fazer é sentirmos mais a emoção das coisas e não a parte intelectual ou racional. E também há a Sublimação em que colocamos as nossa emoções mais hostis ao serviço de nobres causas.
A importância dos primórdios da infância
Portanto, a abordagem Psicodinâmica em psicoterapia faz muito uso destes conceitos e, assim, um psicólogo com uma orientação dinâmica estará, pois, atento a estes mecanismos de defesa no discurso da pessoa que o consulta. E, como é sabido, estes conceitos vêm de Freud, da Psicanálise…
Portanto, a abordagem psicodinâmica assenta no pressuposto de que o comportamento humano é extremamente influenciado pelos processos psíquicos que acontecem na mente mais inconsciente, processos esses que, repetimos, se estruturam, a maior parte das vezes, logo na infância, a partir dos primórdios da infância.
Ou seja, é muito importante, para a formação da personalidade de uma pessoa, a relação, ou não relação, que se estabelece com os seus pais. E, de facto, tudo isto é trazido para a psicoterapia psicodinâmica, de modo a promover na pessoa um maior autoconhecimento da sua relação consigo própria e com quem se relaciona.
Que a pessoa se desenvolva pessoalmente
Na verdade, como em qualquer abordagem psicoterapêutica, na psicodinâmica o que se visa é que a pessoa se desenvolva pessoalmente, se conheça melhor a si próprio, se compreenda emocionalmente. E, também, que consiga clarificar melhor os seus pensamentos, saiba lidar com conflitos, que seja assertivo... Do mesmo modo que se relacione melhor com os outros e consigo mesmo, que comunique melhor e se motive no sentido de algo...
Portanto, é o que acontece com a Psicanálise. Só que a Psicoterapia Dinâmica fá-lo de uma forma mais breve, talvez com uma relação mais próxima e, quiçá, mais empática, e também com um recurso mais frequente à interpretação e ao questionamento.
Enveredar por outras abordagens psicoterapêuticas
Poderá acontecer a pessoa constatar que não se sente à vontade para falar, para se expor, para verbalizar os seus problemas mais pessoais, ou mesmo íntimos.
Ora, se isso acontecer, será preferível enveredar por outras abordagens psicoterapêuticas. Por exemplo, a Psicoterapia EMDR e a Hipnoterapia poderão ser mais indicadas, porque nestas, não é obrigatório que a pessoa fale com tanto detalhe, ou sequer fale, das suas problemáticas.
Psicoterapia Psicodinâmica em resumo
A Psicoterapia Psicodinâmica, enraizada na tradição da Psicanálise, revela-se como uma abordagem terapêutica que reconhece a influência do inconsciente e das experiências passadas na vida presente da pessoa.
Esta prática terapêutica focaliza não só a exploração profunda dos processos mentais, mas também a resolução dos problemas atuais. E adapta-se às necessidades específicas de cada paciente. Fá-lo através da análise das relações interpessoais e da reflexão sobre padrões de comportamento. Mas também: busca-se promover mudanças positivas num contexto terapêutico mais breve. E de um modo profundo e transformador.