Vergonha: entender e lidar para a sua saúde mental

Vergonha, uma temática trazidas para psicoterapia

Muitas vezes a pessoa sente-se responsável por aquilo que está mal consigo. E tem vergonha! Formula, então, esta cognição negativa:

“Eu sou uma vergonha”.  

Ora, a vergonha é uma emoção e um sentimento que a maioria das pessoas conhece. De facto, faz parte da vida passarmos por situações mais ou menos embaraçosas.

Toda a gente já experimentou o sentimento de vergonha

Se calhar, você já tropeçou na rua e caiu caricatamente. Talvez já tenho dito alguma palavra ou frase menos bem proferida em público. Provavelmente já se sentiu mal em relação à forma como estava vestido em determinada ocasião. Mas não ficou com este pensamento negativo estrutural

“Eu não sou suficientemente bom”.

O problema é quando a vergonha…

Constitui um problema quando este sentimento está extremamente enraizado. Quando faz parte de um quadro em que a pessoa sente que é a responsável. Em que a desvalorização pessoal sobra. Quando a culpa está sempre à espreita. Em que a ação, ou melhor a falta dela, é posta em causa.

De facto, muitas vezes o problema está no grau, na intensidade e na frequência desta emoção.

E é aqui, então que aparecer mais uma cognição negativa:

“Eu não mereço” .

Associada à vergonha aparece a culpa

O sentimento de vergonha pode aparecer concomitantemente com a culpa. E os pensamentos poderão andar à volta disto:

“Eu deveria ter agido de outra forma” ,

“Faço tudo errado”,

“Sou um fraco”.

E, muitas vezes, a pessoa, realmente, não consegue falar a outras sobre este sentimento. Acha tão vergonhoso que não consegue a coragem para o fazer. E até é natural, porque o interlocutor nem sempre está preparado para ouvir sem julgamento.

A vergonha leva a outros sentimentos

A vergonha “fala” muito com a mente. E leva a grande desconforto emocional. Pode levar a pensamentos erróneos do tipo

“Não acerto em nada, está tudo mal na minha vida”,

“Eu já deveria saber que é assim”,

“Sou indigno, uma má pessoa”.

E pode levar ao arrependimento, a remorsos, a estados emocionais nada positivos, a uma consciência pesada…

Este sentimento “vem de dentro“…

Com efeito, o sentimento de vergonha é provocado por fatores externos, mas, frequentemente, “vem  de dentro”. É o caso em que a pessoa tem objetivos demasiado ambiciosos. Em que traça metas desmesuradas, sendo que, depois, a realidade da vida mostra-lhe as verdadeiras dificuldades. São padrões que foram também inculcados por outros. Muitas vezes pelos pais. E o que é certo é que a vergonha pode dar cabo da saúde mental.

É importante o autoconhecimento

Sem dúvida! Antes de mais reconhecer os pensamentos negativos. Sim, é importante identificá-los para serem modificados. Para se trabalhar no sentido de encontrar a antítese. Vejamos alguns exemplos

“Não presto / Tenho valor ”,

“Sou uma vergonha / Sou uma pessoa merecedora”,

“Sou um fraco / Sou forte o suficiente”.

Mudanças positivas são alcançadas numa terapia

Sim, porque a pessoa chega a novos insights, a novas cognições positivas. Por exemplo, numa hipnoterapia e na terapia EMDR em que a pessoa consegue realizar mudanças ao nível dos seus pensamentos e sentimentos de uma forma estrutural.

É importante intervencionar o subconsciente

Concordará que os acontecimentos durante a infância poderão ter um enorme impacto na vida adulta. E é assim, portanto, que a vergonha se poderá instalar. Ora, o que será preciso perceber é que a culpa por termos esse sentimento não é nossa. Mas de uma forma bem interiorizada, mais profunda. E por isso é que uma terapia com base na palavra e na conversa poderá não ser suficiente – por isso voltamos, pois a sugerir a terapia EMDR e o uso de técnicas de hipnose levada a cabo por psicólogos devidamente credenciados.

Vergonha, presente em diversas perturbações psicológicas

De facto, a vergonha pode estar presente em vários quadros psicopatológicos. Muitas vezes aparece na ansiedade, numa depressão, em quadros de stress pós- traumático, no trauma complexo, nas fobias, etc… E, muitas vezes, repetimos, a sua origem está lá mais atrás: em vivências de abuso emocional. E também em carências ao nível de suporte familiar, uma educação com advertências ultra, desaprovações e ameaças constantes.

O EMDR vai perceber quando se instalou a vergonha

Uma das abordagens psicoterapêuticas seguidas na Psicovias é o EMDR. E aqui dá-se conta que, muitas vezes, o que está na origem destas cognições negativas são determinadas vivências do passado. De facto, quando a pessoa faz uma flutuação pela sua vida, pode até nem identificar grandes traumas. Realmente, muitas vezes, lembra-se de, em criança, ter sentido uma enorme vergonha, por exemplo ao ver as pessoas a rirem-se da forma como se vestiu no Carnaval.

Experiências com vergonha na infância ativam-se na fase adulta

Sim, experiências adversas na infância podem ser ativadas por gatilhos inconscientes. Há muitos exemplos: uma criança ridicularizada quando se expressava poderá tornar-se um adulto com uma fobia de falar em público e levar a crenças do género:

“Eu sou uma deceção”

“Sou um fracasso”,

“Mereço estar mal”.

E quando este tipo de pensamentos se instala é, sim, altura de se procurar uma ajuda.