Inteligência Emocional – Para muitos o que importará
Inteligência emocional um conceito com vários anos. Já Inteligência Espiritual poderá ser um conceito novo. E de facto é, quer dizer, será mesmo? Na verdade, já se fala dele há alguns anos, não muitos, é certo. Há quem prefira chamar-lhe Inteligência Existencial para evitar conotações religiosas…
Inteligência Emocional seguiu-se à Inteligência Racional
A maior parte das pessoas sabe, naturalmente, o que é o QI. Com efeito, o Quociente de Inteligência atravessou várias décadas, desde os anos 20 até aos anos noventa. Impôs-se com muita força no mundo da psicologia, tanto no campo da seleção de recursos humanos como no campo da clínica e da saúde mental.
A Inteligência Racional era, pois, o que contava. Admiravam-se as pessoas que tivessem um QI alto. As empresas queriam pessoas com um QI bem pontuado. Valorizavam-se as pessoas com raciocínios rápidos em questões de tipo numérico. Valorizava-se também o raciocínio espacial. Em muitos casos, também se dava valor à questão verbal, à capacidade da pessoa utilizar os conceitos de natureza verbal.
A Inteligência Emocional emerge
Ora, depois deste QI começou a falar-se de um outro: o QE. De facto, começámos a ouvir falar em Inteligência Emocional. Com este conceito, começava-se a perceber que, afinal, havia mais capacidades que deviam ser tidas em conta. Enfim, a Psicologia já se preocupava com isso, mas ninguém chamava a isso Inteligência Emocional. Faziam-se Testes de Personalidade, em Seleção de Pessoal para as empresas, que mediam determinadas dimensões ou traços.
Portanto havia pessoas com traços de personalidade mais ligados, por exemplo, à introversão, outros à extroversão. E os psicólogos faziam entrevistas técnicas nas quais exploravam outros aspetos que não tinham a ver com o QI, mas sim, por exemplo, com maturidade vocacional ou estabilidade emocional. E não se falava de facto de Inteligência Emocional.
Inteligência Emocional e as capacidades Soft
Toda a gente estará de acordo que a aptidão para as matemáticas é importante. Mas o que adianta sermos génios nesse campo, se, na verdade, as nossas emoções se encontrarem num grande nível de negatividade? O que adianta, se não conseguirmos estabelecer adequadas relações interpessoais?
Começou-se então a falar da importância de termos capacidades para lidarmos com pessoas, de nos envolvermos socialmente. Começou-se a falar cada vez mais de soft skills. É claro que também era importante termos inteligência numérica, inteligência espacial, inteligência verbal. Mas agora isso não era suficiente… E, de facto, de nada adiantará para a nossa qualidade de vida, não apenas para a produtividade das empresas, se não conseguirmos atuar em equipa, se não conseguirmos relacionar-nos bem uns com os outros.
Surgiu então o conceito de Quociente Emocional ou, abreviadamente, QE. Assim alguém com um QE elevado será uma pessoa que sabe lidar bem com as suas próprias emoções. É uma pessoa que faz adequadamente uma autorregulação emocional. Fá-lo bem e isso até tem, de facto, impacto no mundo do trabalho e na qualidade de vida em geral.
O Quociente Espiritual
Mas, mais recentemente ainda, começou a falar-se de QS, ou seja, de Inteligência Espiritual, em que a letra S vem da palavra inglesa Spirituality. É, de facto, um novo avanço, na medida em que se começa a valorizar mais a espiritualidade em detrimento do materialismo.
Então como será uma pessoa com um bom nível de Inteligência Espiritual? Tal como na Inteligência Racional e na Inteligência Emocional, há também na Inteligência Espiritual diversos fatores envolvidos. Um desses fatores, que contribuem para aumentar a pontuação do QS, é o autoconhecimento.
Ou seja, passa a ser muito importante conhecermo-nos. Mas o autoconhecimento tem que ser mais profundo, não pode ficar somente na superficialidade. É um conhecimento que podemos adquirir refletindo sobre nós próprios, que pode ser mais aprofundado, nomeadamente, através de um processo psicoterapêutico. Na verdade, sem autoconhecimento não poderemos saber sequer qual é o nosso propósito de vida. Com efeito, como o poderemos saber se nem sequer sabemos quem somos?
O nosso autoconhecimento
Portanto, para termos uma boa pontuação no QS, temos que nos autoconhecer. Temos que conhecer os nossos pontos fortes, mas também as nossas fragilidades e limitações. Só assim conseguiremos o sentimento de realização pessoal. poderemos conhecer os valores pelos quais nos pautamos. Só assim poderemos perceber o que de facto é importante na nossa vida.
De facto, temos que conhecer os nossos valores se quisermos usufruir de uma vida mais plena e com significado. Os psicólogos já o fazem há muitos anos, por exemplo, quando passam provas cujo objetivo é perceberem-se quais são os valores mais importantes para a pessoa.
São provas muito utilizados, num processo de orientação escolar e profissional, ou de gestão de carreira e que vão dar resultados de vários tipos. Por exemplo, a pessoa pode perceber que para si o que é importante numa profissão é ajudar os outros. Mas pode perceber também que o que é importante é a diversidade das funções que poderá desempenhar.
Enfim, são apenas exemplos, e a pessoa até pode ir mais fundo no seu autoconhecimento. Pode, realmente, perceber, que o seu propósito de vida é mais transcendental, não focado em ganhos materiais, mas sim mais espirituais, em valores que podem ser considerados, digamos, mais nobres.
Adversidades para o crescimento existencial
A Inteligência Espiritual também aponta para uma dimensão que está presente em diversas abordagens psicoterapêuticas, tais como, por exemplo, na Psicologia Positiva e na Psicoterapia da Aceitação. Essa dimensão prende-se com a importância de sabermos enfrentar as adversidades, de aprendermos com elas a sermos mais fortes e resilientes.
Ou seja, nesta perspetiva, todos os acontecimentos negativos podem ser oportunidades de desenvolvimento pessoal. Portanto, só temos que exercer o desapego. Isso vai, com efeito, possibilitar-nos a aprender a ser mais fortes, mais sábios, mais felizes. Só temos, pois, que encarar uma adversidade não fazendo uma reclamação, não a encarando como um problema, mas sim usando-a para subirmos mais uns pontos no nosso QS.
Inteligência Emocional ou atitude holística?
Outra atitude que as pessoas com um Quociente de Inteligência Espiritual alto têm é a de abertura e flexibilidade. Estas pessoas, realmente, têm uma atitude que admite que as coisas podem ser vistas de vários ângulos, de muitos planos e perspetivas. Estas pessoas têm uma atitude holística, eclética, admitindo que há múltiplas ciências e áreas do conhecimento, podendo todas serem igualmente válidas. E até percebem que há muita coisa que não se consegue sequer explicar, nem mudar…
Essas pessoas têm, com efeito, uma atitude em que não pensam redutoramente, pensam “em grande”, não pensam apenas nelas mesmo, preocupam-se com os outros, não pensam apenas em bens materiais, dão sobretudo importância às suas emoções e aos seus afetos. Preocupam-se, realmente, com os outros, mostram empatia, consideram que todos os seres humanos são, de igual forma, importantes…
Uma pessoa com inteligência espiritual, ou existencial, não acha que é apenas ela, mas sim ela e os seus amigos, ela e o resto do mundo. Faz parte de um todo, em que todos os seres humanos são, de facto, seus “amigos”. E não existem apenas os humanos, existem também os animais, as plantas, enfim todos os seres da Natureza contam de igual maneira. Está, portanto, conectada com soluções globais, que abranjam toda a humanidade.
Inteligência Emocional e Espiritual, estamos integrados num todo
Uma pessoa com uma boa Inteligência Espiritual considera, pois, que faz parte de um todo. Não se preocupa apenas com a dimensão física e económica, mas também com a dimensão ecológica. Tem, como já referimos, uma dimensão emocional, e tem, inclusivamente, uma atitude de tolerância e aceitação da diversidade.
Alguém inteligente em termos espirituais, ou existenciais, celebra, pois, a diversidade. Considera que a pluralidade traz benefícios, que o facto das pessoas serem diferentes uma das outras só traz riqueza à vida.
De facto, ser inteligente a nível espiritual é reconhecer que, por exemplo, a cor da pele, a nacionalidade, a orientação sexual, a religião, a orientação política e partidária pode ser diferente de pessoa para pessoa e que isso é verdadeiramente enriquecedor. Ser inteligente em termos espirituais, ou existenciais, é, depois, privilegiar o que há de comum em todas essas diferenças.
Somos inteiramente responsáveis pelos nossos atos
A inteligência emocional e espiritual passa também por perceber que um adulto, na posse plena das suas condições psíquicas, é autónomo, independente e responsável pelas suas decisões, pelas suas escolhas.
Nós, de facto, estamos ao comando das nossas vidas. Não dependemos das opiniões de ninguém. Respeitamo-las, mas não dependemos delas para levamos a efeito as nossas escolhas e vivenciarmos a nossa vida segundo os nossos próprios valores.
Uma pessoa inteligente em termos emocionais e existenciais interroga-se. Faz opções de vida depois de se interrogar, depois de saber quais são, afinal, os seus valores. Não vai para um curso só por ir, não escolhe uma profissão só por escolher, não se envolve numa relação qualquer sem sentido, não segue projetos que não tenham um propósito bem definido, não abraça causas que não estejam em consonância com os seus princípios. Está, pois, em constante interrogação e reflexão.
Inteligência emocional e espiritual, assumir limitações e fragilidades
Uma pessoa com um bom QS é, assim, mais espontâneo. O seu comportamento flui mais naturalmente, sem ansiedade, com mais serenidade, porque está conectado com a sua verdadeira essência. Esta pessoa não tem que fingir, não tem que passar por aquilo que não é. É uma pessoa que assume as suas limitações, as suas fragilidades, que sabe o que tem de ser feito, porque segue os seus valores, porque não vive, de modo nenhum, em função dos valores dos outros.
Uma pessoa com inteligência existencial é compassiva. Mas não é compassiva apenas com os outros, exerce a compassividade consigo mesmo. E também o faz com todos os seres vivos, não apenas com os humanos. Não inflige sofrimentos desnecessários. É compassivo, pois, com a própria Natureza. Respeita o planeta. Está em comunhão com o Universo. Enfim, evita todos os hábitos, todos os comportamentos negativos que possam infligir danos no Planeta. Tem, portanto, uma consciência plena em termos ecológicos.
Inteligência Emocional e Espiritual, sentido e propósito de vida
A inteligência emocional e espiritual passa também por colocarmos as nossas escolhas e opções de vida em contextos mais amplos. Ou seja, não se trata apenas de atingirmos sucessivos objetivos e ficarmos por aí. Na verdade, muitos dos nossos pequenos objetivos devem servir um objetivo maior. E esse objetivo mais grandioso poderá ser, assim, levar a cabo o nosso grande propósito de vida.
Por isso, há quem prefira, de facto, chamar à inteligência espiritual Inteligência Existencial. Com efeito, retira-lhe a conotação religiosa. Na verdade, inteligência espiritual não tem a ver com religiões. De facto, uma pessoa que professe uma religião não é necessariamente mais inteligente em termos espirituais ou existenciais do que outra que não siga qualquer credo religioso…
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