Fracasso, um falhado? Pode dar a volta!

Fracasso

Toda a gente traça objetivos para a sua vida. Você, talvez, já se tenha metido em muitos projetos. E, apesar do seu esforço, as coisas acabam por fracassar. Você sente-se, pois, frustrado! Talvez até se sinta um completo falhado… Ou seja, tanto empenho que devotou a uma tarefa e nada… Não conseguiu o que queria…

Fracasso em vez de êxitos

Você, naturalmente, quer ter êxitos… Não conseguiu o que queria e interroga-se “Em que falhei? O que fiz mal? Porque não funcionou?…” E culpa-se “Não sou suficientemente bom! Não tenho capacidades! Não tenho valor suficiente!…” Pois é, a sociedade sempre lhe disse que “deve” ter êxito!  Quando falamos em sociedade, estamos a incluir, talvez, os seus próprios pais… E, então, o que é certo é que

você quer alcançar objetivos.

quer se bom numa determinada profissão,

ser competente!

Ambiciona ganhar muito dinheiro!

Você quer ter muitos bens…

Mas as coisas não se estão a passar como você as idealizou…

Há etapas no “processo do sucesso versus fracasso”

Tal como no luto, tal como no perdão, o “processo do sucesso/fracasso” também envolve fases de desenvolvimento. Vamos, então, aprofundar este ponto. E talvez possa recolher desta reflexão alguns bons ensinamentos… Pode ser que lhe faça sentido, portanto, continue a leitura deste texto…

Antes de mais, note que, de facto, há pessoas que até parece que têm em si forças que sabotam qualquer êxito. Parece que quaisquer possíveis iniciativas para o sucesso se destinam a fracassar. E porque é que, então, isso acontecerá?

Vejamos, tudo isso está estudado cientificamente. Realmente, quando se analisa mais aprofundadamente esse fenómeno, verifica-se que tudo tem origem em crenças erróneas.

Fracasso – pensamentos erróneos na origem

Há muitas pessoas com pensamentos cristalizados muito limitantes. Realmente, têm uma crença sobre determinada coisa e repetem esse pensamento infindavelmente. E, depois, geram-se emoções negativas que interferem nas suas ações. Talvez seja o seu caso… Estará num estado de desistência, de uma espécie de apatia?

Acha que já não vale a pena?..

Pois, se calhar isto poderá também estar a acontecer consigo. Ou seja, será que os seus projetos não vingam porque você tem essas tais crenças erróneas e limitantes?

Você pode ter crenças limitantes…

De facto, é certo, muitas vezes, as crenças erróneas interferem de tal modo que podem, de facto, levar alguém à inação. Se calhar, você conhece pessoas que estarão perto dessa situação. Ou seja, são pessoas que já chegaram a uma altura em que já não lhes apetece agir. Já não lhes apetece fazer nada. E não fazem mesmo, estão a desistir, ou já desistiram mesmo…

Isto passa-se, com efeito, com muita gente, nos mais variados domínios da vida.

Falámos já que há fases de desenvolvimento na questão do sucesso, ou melhor, do insucesso, do fracasso. Recapitulemos, então…

Para que haja fracasso, basta que tenha tentado…

E há muitas histórias sobre fracasso, antes de ter havido sucesso. Há muitos estudos sobre o tema. Não há causas únicas para a fracasso.

Há diferentes tipos de insucesso… Não existe apenas o fracasso ao nível do trabalho, também existe, por exemplo, o fracasso na questão parental…  E quanto maior for o laço e o vínculo afetivo com os objetivos traçados mais o fracasso terá impacto na pessoa, mais leva ao sofrimento emocional.

O fracasso parental

Na verdade, a emoção de fracasso de um pai, ou de uma mãe, em relação à educação que deu a um filho pode ser devastadora. Pode magoar para o resto da vida “Fracassei na maneira como criei o meu filho, falhei completamente!”

Mas a perceção do fracasso nem sempre é uma coisa inequívoca. Quem fracassa pode achar que isso não está a acontecer. Quem acha que fracassou pode, muitas vezes, não ter a capacidade de compreender as explicações para tal ter acontecido.

Ora, tem mesmo que ser bem-sucedido? Fracassou! E não sabe o que fazer… Pois, há milhões de pessoas que fracassam, que já fracassaram e que continuarão a fracassar… Mas a sua “dor” poderá ser muito forte… Está completamente frustrado, abatido… O que fazer então?…

Será que tem a obrigação de ter sucesso?

Realmente, uma das perguntas que poderá fazer, desde logo, é esta: “Tenho a obrigação de ser bem-sucedido?” Ora, a sociedade, os seus pais, dirão logo: “Sim, deve procurar o sucesso, porque isso vai fazer com que tenha uma vida melhor! Força, para a frente é que é o caminho…”

Pois, certo, sem dúvida! Só que isso talvez não seja assim tão linear. Então, antes de mais, poderá ter em conta este “conselho”: desobrigue-se de ter sucesso!

Sim, você não tem a obrigação de ser um êxito. E vai ver que esse será o melhor início para ter uma vida mais bem-sucedida. Até parece uma contradição, um paradoxo, mas vamos tentar perceber melhor o que acontece neste processo…

Na verdade, para alcançarmos o “sucesso” na nossa vida, poderemos ter que passar por toda uma sequência de fases… E talvez vá perceber melhor a importância de aceitarmos que não temos de ser bem-sucedidos. Que não devemos fazer nada de especial para isso.

Fracasso – está frustrado?…

Você, de facto, pode estar com uma enorme frustração. Pode ter uma frustração em relação à sua vida, ao mundo… Será uma frustração dirigida para fora, se calhar em relação a outras pessoas, ou até dirigida para si… Talvez esteja bem consciente disso. Ou talvez nem esteja bem a assumir que está com essa frustração toda…

Realmente, a perceção de fracasso pode ser mais ou menos explícita, mais ou menos consciente… A vida está cheia de fracassos, de erros.. Realmente, estamos constantemente em confronto com coisas que não nos correm lá muito bem… E, muitas vezes, achamos que a culpa é nossa.

Outras vezes achamos que a culpa está nos outros…

Não aceita o fracasso?

Pois…, você poderá está com um sentimento de falhanço crónico…

Mas, começámos por dizer que só fracassa quem faz alguma coisa… Você começou por, naturalmente, confiar nas suas capacidades… Mas, muitas vezes, é essa confiança que que está na origem do insucesso… Repare, ouve-se muito “Tens que confiar em ti! Se não confiares, quem é que vai confiar?” Pois é, mas sabemos que nem sempre é fácil.

Com efeito, temos dúvidas, estamos sempre a fazer comparações… E, assim, podemos magoar-nos. E lá vai ficar a ferida, a mágoa, para toda uma vida inteira. Fica, então, a autodesvalorização, ainda que, muitas vezes, não de uma forma verdadeiramente assumida.

Está lá, pois, aquela ferida não assumida. Mas o que é certo é que muita gente sofre emocionalmente de autodesvalorização. E lá vêm as mazelas físicas porque está tudo ligado: corpo e mente.

Reconheçamos o sofrimento

Vejamos, então, quais são as etapas do “processo de sucesso/fracasso”…

A primeira etapa do “processo do fracasso” tem a ver com a necessidade de reconhecermos o sofrimento que nos dá o falhanço. Muitas vezes ouvimos dizer: “Não ligues, só tens que andar pra a frente, com pensamento positivo!…”

Mas, na verdade, se calhar, essas frases não ajudam nada. Vejamos…

Poderá parecer que estamos a defender que a pessoa deve desistir, não tentar mais… Que estamos a defender que a pessoa deve sofrer, e reconhecer que não tem capacidades para êxitos na sua vida… Mas não é bem assim: o que estamos a dizer é que a pessoa deve reconhecer o seu fracasso e que isso a faz sofrer…

Realmente, você fracassa num projeto mas teima em continuar…  Você quer até aumentar o seu esforço… Ou por pressão externa, ou porque você acha que só assim encontrará alívio para a sua frustração… Sim, trará, no imediato! Mas, talvez seja preferível pensar que o sucesso não tem que acontecer de imediato… Poderá vir acontecer, ou não, de forma rápida, ou mais lenta…

O sucesso leva a um sentimento de realização, o fracasso…

O sucesso é, na verdade, todo um processo que pode ser, mais ou menos, demorado, dependendo de pessoa para pessoa, de caso para caso… E esse processo é interior!  Visa, realmente, alcançar o sentimento de realização…

Mas este sentimento de realização não tem apenas que verificar-se quando acontece o sucesso… De facto, todo o processo, mesmo no seu início, quando tudo parece dar errado já pode trazer o sentimento de realização… Não se percebe bem isto? É possível, sim.. Mas tente perceber que o sucesso não é um fim…. Tente perceber que é um caminho… Que é um caminho que permite alcançar, gradativamente, o sentimento de realização interior!

Sim, você pode estar numa das fases do processo do fracasso/sucesso. Poderá estar numa fase em que nega que esteja a acontecer consigo “Mas como? Não é possível! Eu planeei tudo tão bem! Tenho-me esforçado tanto! Não pode estar a acontecer!”

Neste caso, você estará numa fase de negação…

O fracasso traz zanga, trizteza…

Mas talvez esteja numa fase de zanga. E até se irrita com as outras pessoas, ou consigo mesmo “Porque é que este negócio me está a correr mal? Porque é que não estou a conseguir fazer o curso?” É que apesar do seu esforço, o sucesso não aparece…

Ou então poderá estar numa fase da negociação: “Vou mas é então ver se não perco mais dinheiro nisto! Vou é então mudar de curso! Vou-me meter noutra coisa!…”

Poderá ter entrado mesmo em depressão: “Estou de rastos, não vale a pena fazer nada…” “Não me meto em mais nada!”.

Está nesta situação? Está a procurar ajuda psicológica porque se sente em depressão? Enfim, então, e as nossas desculpas se parece que estamos a brincar consigo, parabéns! Porque afinal está mais perto da aceitação, daquela fase em você poderá dizer “Não está ao meu alcance alterar nada, portanto o melhor é preparar-me, tudo vai, afinal de contas, ficar bem…”

O fracasso traz sofrimento

Então, vejamos… a primeira etapa no processo do sucesso/fracasso implica validar que está mesmo a sofrer, que está com mágoa em relação à sua vida não lhe estar a correr conforme almeja.

Poderá perceber pois que é algo exterior a si a exercer muita pressão no sentido de alcançar sucesso. E que não o alcançando isso vai trazer-lhe sofrimento.

Realmente a baixa autoestima está muito presente na vida das pessoas e tem, precisamente, a ver com a necessidade de se alcançar sucesso… E tudo isso traz a culpa… Só que poderemos aprender a lidar com as nossas incapacidades, com as nossas falhas, já pensou nisso?

O fracasso faz parte da natureza humana

Reflitamos: afinal, não temos a perfeição, a imperfeição faz parte da natureza humana… Mas também podemos estar razoavelmente satisfeitos connosco… Você, por exemplo, já perguntou à sua criança interior se ela está satisfeita consigo? Se está satisfeita consigo, pessoa adulta? Está satisfeito? Não está satisfeita?..

Como diria Mário Rui Santos: “Pergunte-se… Permita-se fechar os seus olhos e obtenha uma resposta…” Mas pode estar na situação de não querer falar deste assunto do seu insucesso… Pois é, mas não será por isso que não vai deixar de carregar esse fardo… E tenha em conta que, quando isso acontece, lá poderá vir a somatização, a doença física…

Portanto, permita que o seu cérebro reconheça o sofrimento ligado ao seu insucesso. Reconheça, valide, que está frustrado, infeliz…

Só que, pode validar a sua dor, olhando para ela com respeito, não com autocomiseração. Pode olhar, sim, com autocompaixão… Então, talvez possa, mais vez, fechar os olhos e permitir-se pensar nisso…

Feche os olhos e veja o que vem à sua mente… Só fracasso? Talvez não…

Ao fechar os seus olhos, poderá vir o pensamento que, afinal, é alguém que tem feito muita coisa boa. É certo que pode não ter alcançado os resultado desejados, mas será que isso dependeu mesmo de si?

Você pode, então, dizer “Estou frustrado, mas eu respeito o que consegui fazer, eu tenho dado o meu melhor de mim!” Ou seja, pode observar tudo sem culpa!

Depois, sim, zangue-se! Pode, naturalmente, zangar-se, essa zanga não tem que ficar aí dentro de si, não é nada boa para a sua saúde mental, não é?

Pois, se calhar pode tratar essa zanga, respeitando que tem direito a estar zangado e dizer “Afinal tanto esforço para  nada!…”

Entre na zanga até à aceitação

Zangue-se, então, mas depois compreenda. Entre, pois, na 3ª fase do processo do insucesso. E para compreender torne-se um observador externo, sem julgar, sem condenar… Poderá afinal perceber que não teve condições para fazer melhor… Irá pois compreender, a seu tempo, porque há coisas que levam o seu tempo…

Pode ainda estar na fase de julgar… Então julgue, mas sem culpas… Vai ver que lá chegará, à “compreensão”! Chegará ao seu ritmo…

Finalmente poderá exercer a “aceitação”! Sim, pode aceitar o seu fracasso, mas sem se resignar… Sim, aconteceu…, poderá aceitar apenas que aconteceu e pronto… É tipo uma observação factual… Citando, mais uma vez, Mário Rui Santos, “Aconteceu, é um facto, até pode descrever tudo, mas faça-o de uma forma desapaixonada, fazendo um retrato tipo jornalista isento. Isso é aceitar, sem comparar com nada, sem se comparar com ninguém…”

Realmente, cada um é como é! Não será assim? Portanto, reconheça a sua dor, zangue-se, julgue e depois compreenda, aceite… Mas não se resigne! Pode, pois, lembrar-se dos seus insucessos de uma forma tranquila, serena, com paz interior…

E você vai continuar num caminho de autodesenvolvimento… Vai continuar os seus projetos de vida… Vai errar de novo… Mas esse será o caminho!

Continue o seu caminho sem medo do fracasso

Realmente, o medo é das principais emoções que assalta a pessoa com as tais crenças limitantes de que já falámos no início dete texto. A pessoa até pensa que poderá conseguir e poderá, eventualmente, dizer: “Vou tentar, mas provavelmente vou falhar…”.

Ora esse medo leva à estagnação, à procrastinação… Leva a um estado emotivo de grande frustração… E esta frustração, por sua vez, pode levar à zanga em relação a outros. Ou mesmo em relação a si próprio. Ou seja, pode gerar agressividade para fora ou para dentro de si. E essa zanga, para todas as direções,  só aprofunda a sensação de fracasso

A tirania do “Tens de…” 

De facto, somos programados para evitarmos a todo o custo o fracasso. Muitas vezes, somos programados pelos nossos próprios pais. Podê-lo-ão ter feito, é certo, “sem más intenções”. Mas programaram-nos para alcançarmos grandes objetivos na vida, instalando-se a tirania do “Deves!” ou do “Tens de!”. E ouvimos aquela “voz” dentro de nós: “Deves estudar muito para tirares um curso superior!”, “Deves trabalhar muito para teres muito dinheiro!”, “Deves portar-te muito bem para ires para o céu!”, “Tens de treinar muito para seres um grande músico!”.

Só que as pessoas têm as suas limitações, têm o seu ritmo, têm as suas idiossincrasias, têm valores diferentes… Portanto, não têm que…, só porque há uma pressão nesse sentido, vinda da sociedade, dos pais, da família, dos amigos…

O colapso, o burnout, o fracasso

Em Psicologia e Psicoterapia fala-se de burnout…. De facto, se desenvolvermos em demasia o nosso egocentrismo, se o nosso narcisismo extravasar determinado nível, o mais certo é que não consigamos alcançar sempre êxito. E isso vai ter um preço muito caro a pagar – costuma-se dizer que quanto mais se sobe pior vai ser a queda…

Ora, é claro que poderá ser bom “subir na vida”. Mas temos que saber o que é que para cada um de nós significa “subir na vida”. De facto, muitas vezes, podemos chegar à conclusão que passa apenas por estarmos mais serenos com nós próprios, por estarmos gratos por aquilo que temos, mesmo que os outros possam considerar pouco.

Fracasso? Não, somos um conjunto de êxitos

Realmente, em vez de acharmos que somos um fracasso, podemos preferir considerar que somos um conjunto de êxitos: estou vivo, possuo o dom da vida, é uma dádiva estar vivo, é maravilhoso viver.

É portanto outra forma de viver a vida: conseguirmos olhar para os aspetos positivos que nos rodeiam, sermos solidários, termos a possibilidade de praticarmos o bem através de gestos simples. Mas que podem fazer a diferença na vida de outras pessoas. Que as podem transformar. Podermos amar as pessoas que nos são mais próximas, podermos compartilhar a nossa vida com outros. Podermos pensar “Posso ensinar, posso aprender, posso partilhar, posso dar e receber abraços, posso permitir-me ser ajudado…”

Aceitemos as nossas fragilidades contra o fracasso

Muitas vezes, precisamos de uma ajuda especializada que nos faça chegar a uma compreensão da importância do autoconhecimento, do autoamor e da autocompaixão…

Realmente, podemos precisar de alguém que nos ajude a aceitarmos o nosso “fracasso”, a compreendermos que não somos nem super-homens, nem super-mulheres, que tudo podemos, que tudo conseguimos…

Porque somos, afinal, seres humanos com as nossas fragilidades, mas também com muitas potencialidades que precisamos apenas de pôr a descoberto…

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Como psicólogos, iremos trabalhar nas suas crenças ligadas ao fracasso… Estaremos aqui para, juntos, percorrermos um caminho que leve a que a sua vida possa fluir de modo mais harmonioso, mais sereno, mais autoconfiante, mais feliz.

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