Uma das temáticas trazidas para psicoterapia é a vergonha
Muitas vezes percebe-se que a pessoa se sente responsável por aquilo que está mal consigo e poderá acabar por formular esta cognição negativa: “Eu sou uma vergonha”. Ora, a vergonha é uma emoção e um sentimento que a maioria das pessoas conhece. De facto, faz parte da vida passarmos por situações mais ou menos embaraçosas.
Toda a gente já experimentou este sentimento
Se calhar, você já tropeçou na rua e caiu caricatamente, se calhar já disse alguma palavra ou frase menos bem proferida em público, talvez já se tenha sentido mal em relação à forma como estava vestido em determinada ocasião. Mas não ficou com pensamento negativo estrutural do tipo: “Eu não sou suficientemente bom”.
O problema é quando…
A vergonha constitui um problema quando este sentimento está extremamente enraizado, quando faz parte de um quadro em que a pessoa sente que é a responsável, em que a desvalorização pessoal sobra, em que que a culpa está sempre à espreita, em que a ação, ou melhor a falta dela, é posta em causa. Muitas vezes o problema está no grau, intensidade e frequência desta emoção. É aqui que pode aparecer mais uma cognição negativa do género: “Eu não mereço” .
Associada à vergonha aparece a culpa
O sentimento de vergonha pode aparecer concomitantemente com a culpa. E os pensamentos poderão andar à volta disto: “Eu deveria ter agido de outra forma” , “Faço tudo errado”, “Sou um fraco”. E, muitas vezes, a pessoa não consegue falar a outras sobre este sentimento. Acha tão vergonhoso que não consegue a coragem para o fazer. E é natural, porque o interlocutor nem sempre está preparado para ouvir sem julgamento.
A vergonha leva a outros sentimentos
A vergonha “fala” muito com a mente. E leva a grande desconforto emocional. Pode levar a pensamentos erróneos do tipo “Não acerto em nada, está tudo mal na minha vida”, “Eu já deveria saber que é assim”, “Sou indigno, uma má pessoa”. E pode levar ao arrependimento, a remorsos, a estados emocionais nada positivos, a uma consciência pesada.
O sentimento “vem de dentro“…
Com efeito, o sentimento de vergonha pode ser provocado por fatores externos, mas, frequentemente, “vem de dentro”. É o caso em que a pessoa tem objetivos demasiado ambiciosos, traça metas desmesuradas, sendo que, depois, a realidade da vida mostra-lhe as verdadeiras dificuldades. São padrões que também podem ter sido, talvez, inculcados por outros, por exemplo, frequentemente, pelos pais, e o que é certo é que a vergonha lhe pode dar cabo da sua saúde mental.
É importante o autoconhecimento
Sem dúvida! Antes de mais reconhecer os pensamentos negativos. Sim, é importante identificá-los para poderem ser modificados, para se trabalhar no sentido de encontrar a antítese. Vejamos alguns exemplos “Não presto / Tenho valor ”, “Sou uma vergonha / Sou uma pessoa merecedora”, “Sou um fraco / Sou forte o suficiente”.
Mudanças positivas podem ser alcançadas numa terapia
Sim, a pessoa pode chegar a novos insights, a novas cognições positivas, por exemplo, numa hipnoterapia e na terapia EMDR em que a pessoa consegue realizar mudanças ao nível dos seus pensamentos e sentimentos de uma forma estrutural.
É importante intervencionar o subconsciente
Concordará que os acontecimentos durante a infância poderão ter um enorme impacto na vida adulta. E é assim, portanto, que a vergonha se poderá instalar. Ora, o que será preciso perceber é que a culpa por termos esse sentimento não é nossa. Mas de uma forma bem interiorizada, mais profunda e por isso é que uma terapia com base na palavra e na conversa poderá não ser suficiente – por isso voltamos, pois a sugerir a terapia EMDR e o uso de técnicas de hipnose.
Um sintoma presente em diversas perturbações psicológicas
De facto, a vergonha pode estar presente em vários quadros psicopatológicos. Muitas vezes aparece na ansiedade, numa depressão, em quadros de stress pós- traumático, no trauma complexo, nas fobias, etc… E, muitas vezes, repetimos, a sua origem está lá mais atrás: em vivências de abuso emocional, carências ao nível de suporte familiar, uma educação com advertências, desaprovações ou ameaças constantes.
O EMDR vai perceber quando se instalou a vergonha
Uma das abordagens psicoterapêuticas seguidas na Psicovias é o EMDR. E aqui dá-se conta que, muitas vezes, o que está na origem destas cognições negativas são determinadas vivências do passado. De facto, quando a pessoa faz uma flutuação pela sua vida, pode até nem identificar grandes traumas, mas, muitas vezes, lembra-se de, em criança, ter sentido uma enorme vergonha, por exemplo ao ver as pessoas a rirem-se da forma como se vestiu no Carnaval.
Experiências com vergonha na infância ativam-se na fase adulta
Sim, experiências adversas na infância podem ser ativadas por gatilhos inconscientes. Há muitos exemplos: uma criança ridicularizada quando se expressava poderá tornar-se um adulto com uma fobia de falar em público e levar a crenças do género: “Eu sou uma deceção” “Sou um fracasso”, “Mereço estar mal”.E quando este tipo de pensamentos se instala é, sim, altura de se procurar uma ajuda.